sexta-feira, 25 de julho de 2008

Amar de novo


A primeira poesia que decorei, estava no livro de português do primeiro ano ginasial (bem, acho que era assim que se chamava no século passado), lá se vão mais de quinze anos... era Autopsicografia de Fernando Pessoa, não imaginava naquele dia, que ela seria apenas o começo de tantas outras que fariam parte da minha vida, que habitariam meu coração junto com os amores sonhados e vividos. Eu era uma romântica a moda antiga, que sonhava em encontrar aquela pessoa especial, se encantar no olhar, fazer planos para a eternidade, entregar flores, dedicar poesias e fazer serenatas. Alguns acharão brega, ultrapassado, tudo bem. Ainda sou uma romântica, uma sonhadora, que quem sabe um dia, encontra o seu amor.
E daí, depois de uma longa espera, aparece essa mulher linda, na minha vida e me fez acreditar que posso sim, amar de novo.



O Amor, quando se revela...
(
Fernando Pessoa)

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

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Foto: Wallpapers e imagens

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